A Medley decidiu arrumar sua casa. Líder no segmento de medicamentos genéricos, o laboratório está adequando sua estrutura interna, adotando um modelo de governança que poderá levar a abertura do capital, o que seria o primeiro caso na indústria farmacêutica brasileira depois que a Farmasa, que chegou a fazer o registro na Comissão de Valores Mobiliários e foi adquirida pela companhia de bens de consumo Hypermarcas, ter desistido de ir à Bolsa de Valores. "Independente da abertura do capital, chegamos ao porte de adotar certos procedimentos, como o software de administração de SAP, auditoria de primeira linha (KPMG) e outras práticas de governança corporativa", disse o presidente da Medley, Jairo Yamamoto. "Mas se o acionista quiser e o momento no mercado de capitais for adequado, estaremos prontos para fazer um IPO em 2009", completou. Não é a primeira vez que a companhia controlada pela família Negrão, do corredor de stock car Xandy Negrão, pensa em abrir o capital da Medley. Há três anos, o laboratório nacional chegou a contratar bancos para encontrar formas para capitalizar a companhia e reduzir a dependência de dinheiro de terceiros para financiar suas vendas.
Mas o plano não foi adiante. Desta vez, a Medley contratou a Singular Assessoria Financeira, que pertence a Armando Sereno, um ex-executivo do Banco Garantia. A consultoria foi a mesma que ajudou a formatar a abertura de capital da Profarma, ocorrida em outubro de 2006, quando a distribuidora de medicamentos captou cerca de R$ 350 milhões no mercado. A situação para o lançamento de ações da indústria farmacêutica no mercado ainda é uma incerteza, segundo executivos do mercado. "Exageraram muito na dose", diz o presidente de um grande laboratório com atuação no país. "Os múltiplos sobre a geração de caixa, que chegaram a 12 vezes, estariam mais próximos da realidade em seis vezes", completa o executivo. A Medley tem sido alvo de vários rumores de que estaria à venda, fato que é insistentemente negado pela empresa.
"Não existe nada em relação a isso", afirmou Yamamoto, acrescentando que tem realizado esforço para administrar o assunto dentro da companhia. Com a liderança do mercado de genéricos com 34% e na quarta posição entre os maiores laboratórios do país, com 5,4%, a Medley, que faturou R$ 700 milhões em 2007, tem conseguido manter sua posição no último ano a despeito da forte competição no setor. O grupo EMS, maior laboratório do país, segue próximo os passos da Medley. "Mas quando se olha para as projeções do mercado brasileiro existe muito potencial, principalmente em genéricos", afirmou Yamamoto. De acordo com as projeções da companhia, as vendas de genéricos, que atingiram R$ 3,2 bilhões nos últimos 12 meses encerrados em junho, poderão mais do que dobrar e chegar a quase R$ 8 bilhões em cinco anos, a persistir o mesmo ritmo de crescimento dos últimos anos. Com isso, a avaliação da companhia indica que os genéricos conseguirão atingir 20% do mercado farmacêutico, que deve movimentar cerca de R$ 40 bilhões em 2013. A empresa, contudo, não aposta apenas no segmento de medicamentos genéricos. A Medley, que investiu R$ 76 milhões na construção de uma nova fábrica em Campinas e tem planos de erguer uma unidade para produção de hormônios, que exigirá investimentos de R$ 30 milhões, pretende lançar quatro a cinco produtos. "São extensões de parcerias", disse. A Medley comercializa, por intermédio de licenciamento, produtos dos laboratórios Abbott, Bayer, Novo Nordisk, entre outros.
FONTE: Valor Econômico / Panews
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