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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Investimentos de grandes redes do varejo alimentar no canal farmacêutico vão dobrar até 2010

Tendência
Disputa de gigantes
Farmácias devem usar seu diferencial para se manterem competitivos

 

O interesse do varejo supermercadista pelo farmacêutico vem de longe. Há alguns anos, alguns estabelecimentos quiseram colocar medicamentos em suas gôndolas, mas isso fere as leis que regem o setor e então começaram a se organizar para adequar a venda desses produtos em lojas. Algumas redes chegaram a alugar espaços em seus corredores de serviços para que pequenas farmácias se instalassem. Aos poucos a coisa começou a tomar um rumo diferente e hoje grandes redes como Wal-Mart, Carrefour, Grupo Pão de Açúcar e Coop - Cooperativa de Consumo estão investindo em farmácias próprias.

"A FARMÁCIA É UMA UNIDADE DE NEGÓCIOS DENTRO DO SUPERMERCADO, ASSIM COMO OS POSTOS DE GASOLINA E OUTROS SERVIÇOS QUE ESTÃO SENDO OFERECIDOS"Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras)

A aposta do varejo alimentício é no conceito one-stop shopping, que consiste em reunir diversos serviços em um só lugar e oferecer essa conveniência a seus clientes. E, para isso, eles não pretendem poupar investimentos. De acordo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as redes supermercadistas possuem, hoje, 550 farmácias, que deverão faturar mais de R$ 1,2 bilhão em 2008. A meta para 2010 é que o número de lojas suba para 1 050 e o faturamento para cerca de R$ 2,5 bilhões. "A farmácia é uma unidade de negócios dentro do supermercado, assim como os postos de gasolina e outros serviços que estão sendo oferecidos. Estamos trabalhando o conceito de consumo do brasileiro, que é praticamente o mesmo do americano, que faz tudo em um único lugar, economizando tempo", comenta o presidente da Abras, Sussumu Honda.

A preocupação de especialistas e representantes do setor é o impacto que a ofensiva das redes de varejo terá sobre o canal farmacêutico. Segundo dados do relatório IMS para a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), as farmácias independentes representam 87,7% das 57 404 farmácias instaladas no Brasil. Em vendas, estão com 51,4% do total e as redes com 42% do total. Somente as redes da Abrafarma faturaram R$ 7,8 bilhões em 2007. "Ou seja, uma farmácia de rede vende cerca de 10 vezes o que vende uma farmácia independente. e as farmácias de supermercados já representam cerca de 3% do valor das vendas de medicamentos no Brasil", diz o presidente da Abrafarma, Sérgio mena Barreto. Para ele, um dos reflexos que o canal poderá sentir com o aumento no número de farmácias de supermercados é a concentração de compra. "o cliente geralmente faz a feira nesse tipo de estabelecimento para um período de quinze dias ou até mesmo um mês.

"UMA FARMÁCIA DE REDE VENDE CERCA DE 10 VEZES O QUE VENDE UMA FARMÁCIA INDEPENDENTE. E AS FARMÁCIAS DE SUPERMERCADOS JÁ REPRESENTAM CERCA DE 3% DO VALOR DAS VENDAS DE MEDICAMENTOS NO BRASIL" Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma

Se o cliente passar a fazer a compra de produtos de higiene e beleza em volume, além de medicamentos de uso contínuo, tal fato terá forte impacto no varejo farmacêutico tradicional", analisa.

na opinião do presidente da Federação Brasileira das redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), edison tamascia, a concorrência leal sempre deve existir, mas em condições de igualdade. "o mercado, por ser dinâmico, está em franco crescimento. Apenas precisamos exigir que haja uma competição acirrada, mas em condições de igualdade. Acredito veementemente que a concorrência só pode ser considerada saudável quando todos os setores dentro de um determinado mercado estão no mesmo patamar de competitividade. Se houver interferências governamentais ou vantagens a uns em detrimento de outros, fica impossível competir com coerência, ética e profissionalismo", afirma.

uma questão que preocupa tamascia é a regularização das farmácias próprias de redes. "outro fator preocupante referese às irregularidades existentes quanto à documentação dessas farmácias. muitas utilizam o mesmo contrato social do supermercado e os órgãos fiscalizadores aparentemente não têm tomado providências cabíveis para promover as correções necessárias", comenta. o presidente da Abrafarma reafirma: "A única questão atual é que, seja por medidas judiciais ou mesmo por permissividade de algumas vigilâncias sanitárias, supermercados têm aberto pontos-de-venda [farmacêuticos] com o mesmo cnPJ de supermercado. Farmácia é tratada como mais uma seção de um supermercado, como padaria, bazar... A nosso ver é um erro grave. A lei 5.991/73 é clara ao definir que medicamento só pode ser dispensado em farmácias e drogarias. Parece algo simples, mas não é. Pois, ao considerar a farmácia como somente um departamento do supermercado, o custo se dilui, e fica incomparável", conclui Barreto.

FONTE: GUIA DA FARMÁCIA

Por Adriana Bruno
Foto victor almeida

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