Sabe aquela dor de cabeça levinha, que passa com um simples analgésico? Ela pode aumentar, caso o dólar continue subindo e afetando mais os custos de produção da indústria farmacêutica. Segundo o diretor-executivo da Associação dos Laboratórios Nacionais (Alanac), Walter Figueira, os descontos oferecidos aos clientes nas farmácias - que são negociados com os fabricantes - podem ser reduzidos ou até sumir. Hoje, mais de 80% dos insumos utilizados na produção dos medicamentos vêm de fora e são cotados em dólar, que ontem foi negociado a R$ 2,31, maior valor desde maio de 2006.
"A gente não sabe onde o dólar vai parar. Tudo ainda é muito recente. Mas, no médio prazo, é possível que haja diminuição dos repasses de descontos comerciais. Existem limites para negociação, que vão sendo apertados", explicou Walter Figueira. Se, por um lado, os descontos podem ser reduzidos, por outro, aumento mesmo só com autorização do governo. O setor é controlado no país. A data para reajuste é março. Esse ano, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), órgão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autorizou um aumento médio de 3,18%.
"Ele (o aumento) é baseado no IPCA (índice de inflação) e em uma fórmula paramétrica que não contabiliza os custos da indústria", explicou Figueira. O cálculo é definido pela Lei 10.742/03. O controle do governo é exercido sobre cerca de 20 mil medicamentos. Ficam de fora os fitoterápicos, os homeopáticos e outros que não precisam de prescrição médica para serem comercializados. Representam de 7% a 8% do total. Esses, em tese, poderiam ter o impacto do dólar repassado. Mas o diretor-executivo da Alanac não acredita que isso vá acontecer por conta da concorrência acirrada.
Walter Figueira também descartou um pedido de reajuste emergencial, como o que foi feito em 2002, quando o dólar disparou e chegou aos R$ 4. Para ele, a maior preocupação dos laboratórios, hoje, é a asfixia do setor. Segundo Figueira,a indústria já tinha absorvido ao longo dos últimos meses os aumentos dos insumos em dólar, impostos pelos produtores (principalmente indianos e chineses). Com o real valorizado, a situação piorou. O prolongamento da crise pode levar a indústria a diminuir o nível de investimento em inovação e pesquisa para o desenvolvimento de novos medicamentos.
Emprego - A indústria farmacêutica nacional emprega diretamente quase 70 mil, segundo os dados da Alanac. Existem ainda outros 300 mil empregos indiretos. Mas não se fala em demissão, garante o diretor-executivo da associação. "Somente uma crise faraônica poderia significar a redução de vagas. Nem cogitamos isso. E não queremos ser alarmistas. Queremos que seja tomado o maior número de medidas possíveis para que a crise não se agrave", afirmou Walter Figueira. O executivo também garantiu que atualmente não existe nenhuma razão para que o consumidor fique com medo de desabastecimento nas farmácias.
FONTE: Diário de Pernambuco - Recife / Panews
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