A rede cearense Pague Menos, considerada a "Casas Bahia das farmácias", jogou por terra uma das premissas do varejo.
Normalmente, as cadeias constroem uma base de abastecimento numa determinada região para depois expandir a rede de lojas em torno daquela área geográfica. Francisco Deusmar de Queirós, fundador e controlador da Pague Menos, fez o contrário. Ele investiu R$ 30 milhões na construção de um novo centro de distribuição em Fortaleza. Sua intenção, porém, não é reforçar a presença no Nordeste. O novo depósito permitirá à Pague Menos, que já é a maior rede de farmácias do país, expandir-se em São Paulo e Minas Gerais, dois Estados em que a varejista pretende acelerar sua expansão.
"Fizemos as contas e vimos que o custo de construir um centro de distribuição em São Paulo não compensava", respondeu Queirós. As mercadorias serão enviadas para a região Sudeste por avião pela empresa, que possui uma parceria com a VarigLog. "Como os aviões voltam vazios do Nordeste para o Sul, o frete é muito mais barato", explica o empresário. Uma das divisões da VarigLog também faz a logística terrestre da Pague Menos, como o abastecimento das lojas.
"Os custos com segurança em São Paulo são oito vezes mais altos do que no Ceará", acrescenta Queirós. Hoje, o Nordeste representa 75% do faturamento da Pague Menos. Mas, em 2012, a varejista estima que as regiões Sudeste e Sul responderão por 40% das suas vendas.
"A Pague Menos, no setor farmacêutico, e a Paquetá, no segmento de calçados, são os dois únicos casos no varejo em que a maior rede está fora do eixo Rio-São Paulo", afirma o consultor especializado no setor, Eugênio Foganholo, da Mixxer. Tirar as liderança das redes do Sul não foi fácil. Há alguns anos, Queirós admite que comprou uma rede de 19 lojas em Fortaleza só para impedir a entrada dos concorrentes. "Depois fechamos quase todas as lojas. Só três ficaram abertas", revela o empresário.
Desde 2005, a Pague Menos cresce mais de 25% ao ano em vendas. Em 2007, a varejista faturou R$ 1,29 bilhão e prevê chegar, em 2008, a R$ 1,6 bilhões. Para 2009, a meta é alcançar a marca de R$ 2 bilhões. Com 290 lojas atualmente, Queirós quer abrir 20 lojas por ano, o que deve consumir R$ 25 milhões anuais.
Balanço auditado e plano de governança
A Pague Menos está em estágio final de negociações com a KPMG, que começará a fazer a auditoria dos balanços da empresa, uma sociedade anônima de capital fechado (sem ações em bolsa). Francisco Deusmar de Queirós, dono da maior rede de farmácias do país, também contratou outra firma de consultoria, a Ernst & Young, que fará um projeto de governança corporativa para a companhia.
Queirós, cujos quatro filhos trabalham na varejista, cogita abrir o capital da Pague Menos no futuro, embora essa perspectiva tenha se tornado mais difícil com os recentes acontecimentos. O empresário avalia que a associação com um fundo de private equity também é uma alternativa promissora. No passado, Queirós chegou manter conversações com a AIG, que veio a ser uma das maiores vítimas da crise das hipotecas americanas.
FONTE: Valor Econômico / Panews
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