Rede, que desistiu de lançar ações, deve concluir até dezembro plano de abertura de 109 lojas
Em meio ao forte turbilhão financeiro dos últimos dias, a Droga Raia, uma das maiores redes de farmácias do país, anunciou ontem acordo com os fundos Gávea Investimentos e Programa Patrimônio para a venda de 30% do seu capital. O valor da transação não foi revelado.
"O momento é importante", diz o presidente da Droga Raia, António Carlos Pipponzi. "O investimento vai permitir seguir com o nosso projeto de crescimento que é muito ambicioso."
O acordo pretende dar fôlego ao plano de abertura de novas lojas da rede de 103 anos, controlada pela família Pipponzi, que detém 96% do capital da empresa. Cada um dos investidores GIF II, do Gávea, ligado ao ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, e o Pragma, que inclui o gestor de fortunas José Guimarães Monforte ficará com 15% do capital da Droga Raia.
Os fundos de investimentos terão dois assentos no conselho de administração da rede, formado por seis integrantes. O Pragma não tinha nenhum executivo disponível para falar sobre a aquisição das ações. O Gávea se recusou a comentar o assunto.
"Os planos com os novos sócios são consolidar a base das lojas que estamos abrindo", explicou Pipponzi. "Eles vão dar robustez financeira à companhia." A venda privada de ações foi uma escolha da rede de farmácias. A exemplo do que havia realizado a rede Drogasil, a Droga Raia pretendia fazer o lançamento de ações ao público no fim de 2007, mas desistiu depois de observar o início da deterioração das condições do mercado financeiro.
A situação do mercado, contudo, só piorou de lá para cã. "Estamos aliviados", disse Pipponzi, sobre o fato de a rede ter abortado o plano do IPO (início da oferta de ações, na sigla em inglês).
"Mas fizemos a parte boa do IPO", completou a diretora de marketing da Droga Raia, Cristiana Almeida Pipponzi. A rede fez a "due dilligence", começou a auditar seu balanço, estruturou seus conselhos. Os bancos Credit Suisse e Unibanco foram contratados para coordenar o lançamento de ações.
"Embora não esteja acostumado a usá-los, comprei até alguns ternos para usar nos road-shows", brincou Pipponzi. Todo esse trabalhou de transformação acabou, segundo ele, facilitando a entrada dos novos sócios.
Sem o IPO, a rede contratou empréstimo de R$ 90 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para seu plano de investimento. "A empresa quintuplico» seu plano de investimento no ano passado e quadruplicou neste ano", disse Pipponzi
A Droga Raia abriu 48 lojas em 2007, outras 45 novas farmácias em 2008 e deverá inaugurar mais 16 pontos até o fim deste ano. Com isso, chegará a 259 lojas localizadas em São Paulo e interior do Estado, na cidade do Rio de janeiro, em Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre.
A empresa, criada em 1905 na cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, foi uma das primeiras a deixar de ter uma atuação localizada em apenas um Estado. Em 2000, ingressou no Rio de Janeiro, abrindo farmácias na zona Sul da capital fluminense. Depois, na zona Norte. Há cinco anos, foi a vez de Belo Horizonte e Curitiba. Mais recentemente, a rede abriu suas primeiras lojas na capital gaúcha.
A expectativa da Droga Raia é que as lojas com mais de três anos de existência tenham crescimento de vendas entre 9% e 11%. A previsão é faturar cerca de RS l ,1 bilhão em 2008, acima dos R$ 829 milhões obtidos no ano passado.
O lançamento de ações, contudo, não está totalmente descartado dos planos da Droga Raia. Mas o cronograma mudou. "Agora, não temos mais pressa", afirmou Pipponzi. O IPO poderá até ser a forma de saída dos atuais investidores no futuro. Mas o objetivo agora, segundo o presidente da Droga Raia, é gerar os resultados do plano de crescimento. A empresa avalia que existe espaço para aumentar a consolidação das empresas do setor.
FONTE: Valor / Panews
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