As despesas com saúde vão pesar mais no bolso do consumidor a partir de abril. Em 31 de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza o aumento de preço de cerca de 20 mil medicamentos controlados. A agência não divulgou o índice de reajuste para este ano, mas a estimativa é de que chegue a até 4,72%, segundo Márcio Nakane, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Em maio, vai ser a vez dos planos de saúde.
A Agência Nacional de Saúde (ANS) ainda está fazendo o cálculo do reajuste. A tendência é que fique próximo do aumento de 2007: 5,76%. Os gastos com saúde têm peso de 8% na inflação do belo-horizontino, segundo a Fundação Ipead, vinculada à UFMG. O reajuste dos remédios autorizado pela Anvisa é, tradicionalmente, dividido em três categorias, que variam de acordo com a participação dos medicamentos genéricos. Os aumentos levam em conta o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE) entre março e fevereiro, o fator de produtividade das indústrias, que neste ano foi de 2,09%, e o de concorrência.
Se a Anvisa usar os mesmos critérios de reajuste dos anos anteriores, os aumentos vão ser de 4,72% (faixa 1), 3,68% (faixa 2) e 2,63% (faixa 3), segundo Nakane. A Anvisa divide as faixas dos medicamentos de acordo com a participação dos genéricos no segmento. Na faixa 1, estão os medicamentos em que os genéricos representam 20% ou mais do segmento, com maior concorrência de mercado. É o caso de anti-hipertensivos, antibióticos, remédios para diabete, hormônios e anticoncepcionais. A faixa 2 é a intermediária, representada pelos medicamentos com participação de genérico de 15% a 20%, como os colírios e injetáveis. Já a faixa 3 é a de menor concorrência no mercado e na qual a participação dos genéricos fica abaixo de 15%. É o caso de medicamentos que ainda estão sob patente, como o Viagra.
As empresas têm até 31 de março para apresentar o relatório de comercialização com os preços que pretendem praticar depois do reajuste. Uma vez definido o aumento, os preços ficam inalterados por um ano, ou seja, até março de 2009. "Se a Anvisa usar os mesmos critérios do ano passado, os índices de aumento vão estar razoáveis", diz Nakane. Segundo a Anvisa, os critérios de reajuste dos remédios serão mantidos este ano. A Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma) afirmou que só vai comentar o índice de aumento dos medicamentos depois que for divulgado o reajuste oficial.
O aposentado Abelardo de Barros Pádua gasta cerca de R$ 2 mil por mês com saúde para a família de cinco pessoas. Só de plano de saúde são R$ 1,16 mil. O restante ele consome com medicamentos. Toma diariamente nove comprimidos. Alguns controlados, como os remédios para pressão e diabete. "Não gosto de genéricos e nem manipulados. Acho que são muito fracos e não trazem o efeito desejado", diz. Segundo ele, os reajustes previstos para este ano vão pesar no bolso. "Estamos sofrendo um achatamento de salário, pois sou aposentado do serviço público. E o governo só se preocupa com os impostos. Acho que os reajustes podem até ser maiores, pois o prejuízo com a queda da CPMF deve ser passado para o consumo em geral, inclusive para medicamentos", observa.
Fonte: Correio Web \ Panews
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