SÃO PAULO - Depois de vislumbrar um resultado expressivo de vendas das farmácias e drogarias das grandes redes supermercadistas, as empresas médias do setor começam a se interessar por esse segmento e estudam a abertura de lojas próprias em seus espaços, copiando o modelo das líderes. A expectativa é de que até o final de 2010 o número de unidades do segmento mais que dobre nos supermercados, perfazendo 1.050. Ano passado, essas unidades estimam ter faturado mais de R$ 1,2 bilhão, cerca de 5% do mercado total de vendas de medicamentos no País, e até 2010 este patamar deve ser de 10%. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) estimou, em janeiro, que existam 550 farmácias nas redes supermercadistas.
Parte destas unidades deve estar nas redes de médio porte e, segundo Roberto Moreno, diretor da rede Sonda e vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), o grupo Sonda é um dos que já estudam abrir farmácias na rede. "Estudo do Instituto Nielsen aponta a que os supermercados, cada vez mais vão abrir farmácia e posto de gasolina." Ele ressalta que os custos são baixos para os supermercadistas e que os laboratórios oferecem às empresas a expertise do negócio.
O dirigente do Sonda conta que as farmácias dentro dos supermercados devem ter um bom mix de produtos e o estoque seguir o modelo just-in-time (pouco estoque). Ele ressalta que a viabilidade do negócio é muito alta, pois necessita de pouco espaço. "Não precisa ter mais de 50 metros quadrados, e os estoques necessitam ser totalmente separados da armazenagem de alimentos. O melhor de tudo é oferecer serviço e fidelizar o cliente."
O executivo traça um paralelo com o cartão private label da rede, o qual, segundo ele, garante cerca de 10% de fidelidade dos clientes. "Acredito que possamos conquistar a mesma proporção e inclusive usar o cartão nas farmácias", compara.
Pão de Açúcar
A segunda maior rede de supermercados do País, o Grupo Pão de Açúcar, cujo faturamento foi de R$ 20,8 bilhões em 2008, se diz animada com suas farmácias. A rede considera que o negócio de drogaria foi a categoria de maior crescimento expressivo no ano passado e neste ano. Para Alexandre Ribeiro, diretor de Novos Negócios do Grupo, as quatro bandeiras - Pão de Açúcar, Sendas, Extra e CompreBem - têm farmácias. "Ao todo, são 147 unidades, e no ano passado investimos R$ 15 milhões. Aporte dividido em manutenção, reformas e na abertura de 12 unidades. Os maiores investimentos foram na bandeira Extra porque elas têm mais espaço externo."
Ribeiro destaca que o fluxo de uma drogaria é o mesmo de um supermercado. "Se tivermos um bom tráfego de pessoas, podemos ter bons negócios." Questionado sobre os resultados das farmácias, o executivo não revela cifras. "Não faz sentido investir em algo que dê prejuízo. O Grupo está muito satisfeito." Ele analisa que acrescentar serviços aos supermercados é uma tendência natural.
Quanto a inaugurar farmácias fora dos mercados da rede Pão de Açúcar, o vice-presidente Executivo da rede, Enéas Pestana, realça que o negócio de postos de gasolina e drogarias é uma vertente cada vez mais forte nos negócios. "Agora temos de buscar aceleração de crescimento da companhia em mercados em que já atuamos, buscar share onde não temos atuação forte. O desafio é acelerar neste cenário de crise global, mas isso é parte da estratégia. Provavelmente vai acontecer de maneira que ocorra alguma aquisição."
Na bandeira Extra, a possibilidade é que a expansão das farmácias se dê no Nordeste. De acordo com Sylvia Leão, diretora de Operações da unidade de negócios Pão de Açúcar, a bandeira da rede não tem forte presença naquela região. "Esse formato é para reforçar a marca Extra onde não estamos: em cidades como Recife e Fortaleza, pode ser a alternativa."
Questionada se o formato Extra Perto pode ser mais uma alternativa de expansão nos nove estados do nordeste, ela apenas sorriu. "Temos algumas lojas na prancheta, mas a expansão só será divulgada em julho."
Farmácias
"Desde que esteja dentro da legalidade, é um concorrente legal." Esta foi a tônica adotada por Sérgio Mena Barreto, presidente executivo da Associação Brasileira de Farmácias (Abrafarma). Segundo ele, a entidade só costuma se posicionar contra redes de supermercados quando elas tentam burlar a lei e vender medicamentos sem um Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).
Quanto à concorrência entre as farmácias tradicionais e as instaladas em supermercados, Barreto analisa que quem tiver mais competência terá melhores resultados. "Não há como dizer que eu não gostaria que estas redes entrassem no mercado. Basta seguir a lei. Por outro lado, temos grandes redes farmacêuticas que atuam nas galerias."
FONTE: DCI
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