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sábado, 19 de setembro de 2009

Novas regras da Anvisa devem diminuir ganhos das farmácias


As novas regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), anunciadas este mês, poderão ter impacto negativo nas vendas do setor, segundo as próprias empresas. A Pague Menos, maior rede de drogarias do País, com 312 unidades, afirma que terá que dispensar 1 mil funcionários, que trabalham nos caixas e fazem atendimento de clientes que pagam suas contas nas suas farmácias, serviço que não está entre os listados e liberados para serem oferecidos nas drogarias. 

A Anvisa, entre outras medidas, proibiu a venda de produtos como balas, sorvetes e cartões telefônicos nas farmácias, assim como determinou que alguns medicamentos de venda sem prescrição, como analgésicos e antitérmicos, não poderão mais permanecer nas gôndolas e devem ficar atrás do balcão. 

De acordo com Patriciana Queirós Rodrigues, diretora de Compras e Marketing da Pague Menos, a rede também teria um impacto negativo de, pelo menos, 5% no seu faturamento. "Não é uma fatia grande, mas teria potencial para crescer. Não entendemos por que podemos vender um sabonete, mas não um pacote de biscoito. Somos grandes clientes de marcas como Kibon, Nestlé e Coca-Cola. Todos perdem: o parque industrial, o varejo farmacêutico e o consumidor", diz. 

Patriciana afirma que concorda que produtos como cigarros e bebidas alcoólicas não devem ser vendidos em farmácias, mas não entende porque não podem comercializar itens de conveniência. Segundo ele, a rede é "totalmente contra" as novas regras, que estão na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 44/09 da Anvisa. As redes têm seis meses para se adaptarem. 

A executiva ainda destaca que a companhia possui em seus pontos-de-venda caixas a atendentes só para pagamentos de contas de telefone e luz, empregados que teriam que ser dispensados e serviço que atende em torno de 2 milhões de clientes. "As pessoas podem rapidamente pagar suas contas e isso é muito importante principalmente em cidades pequenas, onde muitas vezes não há bancos próximos", diz. 

Em relação aos medicamentos que agora só poderão ser vendidos atrás do balcão, Patriciana afirma que isso não acontece em outros países, como Estados Unidos e México, e que passa a impressão de que "estão dizendo que a população brasileira precisa ser tutoriada, não teria discernimento de saber o que é melhor para si". 

Para Nelson de Paula, diretor de Marketing da rede Drogão, com 67 unidades no estado de São Paulo, apesar de afirmar que a rede ainda não tem uma posição clara sobre o assunto, também há um certo exagero na resolução. "A venda de medicamentos exige cuidados e eles não podem ser vendidos em qualquer esquina, mas uma farmácia vender uma água, uma bala, não quer dizer que não estamos focados na saúde", diz. 

De acordo com o diretor, se necessário, a empresa deverá se adaptar, o que teria custos, mas não será um grande esforço, já que já possuem um perfil de drogaria focado em produtos para saúde. "Já temos procurado investir mais em linhas diet e dermocosméticos, que tem um conceito ligado à saúde. Cerca de 80% das nossas vendas são de medicamentos e o restante de não medicamentos, como itens de beleza. Não caímos na tentação de ser só uma butique de cosméticos." 

A Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que representa as 25 maiores redes do País, afirma que deverá entrar com uma ação judicial contra algumas determinações da RDC 44/09 da Anvisa, já que entende que algumas regras estão fora da área de atuação da agência. 

"Não vemos competência legal na Anvisa para isso. A RDC não é uma lei. Já há uma lei na Constituição Federal, a 5.991/1973, que regula o comércio farmacêutico", argumenta Sérgio Mena Barreto, presidente da entidade. "As farmácias são estabelecimentos comerciais, estamos registrados na junta comercial."

Ele conta que houve audiências públicas antes da publicação da regra, mas que elas não mudaram em nada a decisão. 

Para Barreto, o consumidor pode ter seu poder de decisão limitado. "Só de antiácidos, por exemplo, há 25 produtos diferentes. Na gôndola, o consumidor olha e escolhe de acordo com a marca ou preço, já atrás do balcão dependerá do farmacêutico, que pode indicar um produto no qual tem maior margem de lucro". Dessa forma, ele acredita que as farmácias podem até reduzir seu mix, além de ter até um impacto no preço do remédio. 

FONTE: DCI \ PANEWS

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